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Mostrando postagens de julho, 2020

RESENHA - MATERNIDADE, SHEILA HETI

MATERNIDADE, SHEILA HETI Ser ou não ser mãe? Eis a questão! O imperativo à maternidade, o filho como única (im) possibilidade de completude e realização da mulher. Nesse lugar, cabe escolha? Sem julgamentos, apedrejamentos e olhares tortos? Uma coisa é certa: de exato, simples, linear e livre de contradições, nada tem o ser humano. Somos mistura de complexidade, ambivalência, oposição, indecisão… Desde os primórdios buscando respostas para dar sentido à nossa existência. E a maternidade é isso no meio do caos da humanidade. Em um momento da história, o ultimato: o único caminho para uma mulher encontrar o sentido da sua vida seria o filho. Esqueceram de mencionar que o bebê vêm, justamente, convocar a falta, a desidealização, a incompletude. Maternidade tem prós e tem contras, tem ganhos e tem perdas, tem amor e tem ódio, tem harmonia e desarmonia, tem medo e tem confiança, tem poder e tem impotência, é repleta de contradições.  O livro de Sheila Heti se configura como um romance coraj

COMO MONTAR A PRIMEIRA BIBLIOTECA DO SEU BEBÊ?

1. Para os bebês, no início, o livro é como um brinquedo a ser explorado. Por isso, primeiramente, os livros podem ser de pano, de banho e cartonados. Um ou dois volumes já são suficientes para a formação desses leitores! 2. Evite títulos com imagens estereotipadas e que simplesmente associam um desenho ao nome de determinado objeto. Adquira obras que possam ampliar o repertório estético dos bebês, com ilustrações a partir de diferentes projetos gráficos e literários, os livros-álbum. 3. Relembre as cantigas, canções e parlendas que fazem parte da suas memórias como mãe/pai. Com isso, resgatamos a cultura oral brasileira, criando laços simbólicos entre as gerações. 4. Os bebês gostam que repetir experiências prazerosas. Por isso, história com estrutura que apresenta elementos de repetição costumam agradá-los, além de ter trechos facilmente memorizados. 5. Dê atenção a entonação, sonoridade e ritmo das palavras tanto na hora de contar a história, como de escolher um livro. Eles gostam m

ANÁLISE "A FILHA PERDIDA", ELENA FERRANTE | Débora Andrade

30 ANOS DO ECA

Hoje completam-se 30 anos desde a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Regulamentado pela lei 8.069/1990, o ECA é em uma das mais avançadas ferramentas legais para proteção integral dos direitos da criança e do adolescente. É fruto de uma imensa mobilização da sociedade civil organizada envolvendo coletivos e organizações em defesa da garantia dos direitos humanos da infância e da adolescência. ⠀ Sem dúvidas, este foi um marco da luta pela proteção da infância e da adolescência. No entanto, mesmo após esse tempo, o ECA ainda não conseguiu alcançar a igualdade quando consideramos as relações de classe, raça e gênero. Existe ainda um abismo de oportunidades. Por isso, além de celebrar a importância da data, não podemos esquecer que existe muito a ser feito e que o caminho ainda possui diversos obstáculos, que precisam ser superados para que sejamos um país que cuide verdadeiramente da infância e da adolescência. Débora Andrade Psicóloga Clínica e Perinatal

DESCOBERTA DO MUNDO E DE SI MESMO

Por volta dos seis meses, o bebê já costuma estar mais adaptado à rotina, assim como a família. Em geral, as mães de primeira viagem já conseguiram aprender sobre seu bebê e começaram a se recuperar da tendência de se sentir deprimidas e oprimidas pela responsabilidade trazida pela maternidade (lembrando que isso não é regra, depende de cada contexto). Nesse momento, então, o bebê já está mais esperto, interessado pelo mundo externo e seus horizontes vão se ampliando. Suas respostas sociais começam a ficar mais variadas, passam a reconhecer. Seu interesse faz com que a mãe sinta maior segurança no que concerne ao crescimento do seu filho ou filha e também da sua própria capacidade de cuidar do bebê. O interesse e a vontade de conhecer o mundo, de organizar (e desorganizar) as coisas pode trazer para as mães um período fascinante de redescoberta do mundo através do seu bebê. Certamente, a confiança adquirida pelo bebê em relação ao mundo, sua vontade de explorar, de exper

O QUE VOCÊ PERDE QUANDO GANHA UM BEBÊ LINDO E MARAVILHOSO

Seu bebê nasceu. Ele é lindo e maravilhoso! Então, do que você poderia estar se queixando, afinal? Seguem algumas pistas. Primeiro, este bebê não é, e nem poderia ser, o bebê que você estava esperando. Porque o bebê que você estava esperando sempre esteve e continuará apenas na sua cabeça. Esqueça o ultrassom 3D mega hiper blaster, imagem não é gente. Você sonhou com um bebê e nasceu um estranho. Colocar este impostor no lugar do tão sonhado bebê requer um trabalho de luto. Se você acha que luto e nascimento não combinam, não se preocupe, toda nossa cultura insiste em negar os lutos, não é só você. Mas, sim, o luto faz parte do encontro com o recém-nascido. Não há nada de errado aí, só criamos falsas expectativas e quanto antes assumirmos isso, mais fácil será essa inevitável passagem. Entranhamos o bebê, como nossos pais nos estranharam até, com sorte, se apaixonarem por nós. Não tem mágica. É no cuidado diário, na troca de fralda, na alimentação (por mamadeira ou peito), no olh

BEM-VIND@S AO COMEÇO DA VIDA | Débora Andrade

RESENHA - A FILHA PERDIDA, ELENA FERRANTE

A filha perdida é um romance escrito pela autora Elena Ferrante, reconhecida como uma das autoras mais importantes da literatura contemporânea. Este, na verdade, é o pseudônimo da romancista italiana cuja verdadeira identidade é desconhecida do público. Em entrevistas compiladas no livro "Frantumaglia: os caminhos de uma escritora" , a escritora refere que sua intenção é a identificação do leitor com suas narrativas e não com sua figura. De fato, é o que acontece, especialmente, em nós mulheres. O realismo de Elena Ferrante nos toca, apesar de não sabermos exatamente de que forma. Sentimos ambivalência e contradição.. e quer algo mais humano do que isso? Em suas obras, duas temáticas se destacam: maternidade e a relação de amizade entre mulheres, assunto pouco desenvolvido na literatura, o que torna esta uma especificidade de Elena Ferrante. Bom, em relação a esta obra, antes precisamos compreender dois mitos fundantes da nossa cultura no que concerne ao que a sociedade espe