Mãe e filha, uma duas, meio que indiferenciadas, amor e ódio, boa e má. Dentre tantas outras oposições complementares, Eliane Brum aborda a questão da maternidade de forma envolvente e sublime. É impossível escolher um lado, pois a todo momento somos convidadas a lidar com a contradição.
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Nos deparamos com a realidade psíquica, ora da filha, ora da mãe. Nesse entre, amor e ódio, bondade e maldade, vida e morte, semelhança e diferença perdem sua delimitação e se tornam apenas um, ou uma duas.. “Como é possível amar e odiar ao mesmo tempo? É o que sinto por Laura, um amor que odeia ou um ódio que ama”.
A autora escancara o que costumamos desconsiderar: aprende-se a ser mãe. Na brincadeira infantil, nas identificações, na incorporação dos papéis sociais… “E eu tive uma vida. E não tive uma mãe. Talvez seja por isso que eu não tenha sido uma boa mãe. Eu nunca soube o que uma mãe deve fazer”. Na ausência de identificação, na dinâmica perversa, nas palavras que violentam, na impossibilidade de diferenciação.. “Será que a morte da mãe é a vida da filha? Será que a vida da mãe é a morte da filha?”.. Fica o questionamento.
“Nenhuma vida se completa. Isso ela agora sabe. Como a mãe, ela também vai esperar que algo se complete, mas a vida seguirá até o fim em aberto, ou inconclusa. A vida humana é a única que acaba sem um fim, porque é a única que o espera".
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Por Débora Andrade
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